
Você confia no processo decisório dos gestores de sua empresa? Mais que isso, você confia no SEU PRÓPRIO processo decisório?
Nos negócios (e na vida, de forma geral) existem poucas verdades absolutas. Uma dessas verdades absolutas é que todos vamos cometer erros. Alguns erram mais que os outros mas, como se diz por aí, a única forma segura de não errar é “não fazer”.
Não podemos eliminar os erros, mas podemos reduzi-los e, em boa parte, evitá-los. E uma das ferramentas para isso é o chamado “raciocínio crítico”.
Raciocínio crítico é algo que, em alguns contextos, é referido como “lógica informal”. É um conjunto de habilidades que envolve, entre outras coisas, a metacognição, a coleta e avaliação de evidências e, mais importante que tudo, a habilidade de “fazer as perguntas certas”.
Em uma escala global, a capacidade de raciocinar criticamente deveria estar aumentando (até pela maior amplitude das informações). Mas, aparentemente, não é o que está acontecendo. Cada vez mais, vemos coisas bizarras, como pessoas acreditando (seriamente!) que a Terra é plana, que vacinas causam autismo e outros absurdos. A facilidade de comunicação e de distribuição de informações, que deveria nos levar a um maior esclarecimento, está, ironicamente, tendo o efeito oposto, agrupando pessoas em “câmaras de eco”, que apenas reforçam seus vieses e preconceitos.
Líderes, gestores, executivos e empreendedores são, antes de qualquer coisa, seres humanos. E, como humanos, são sujeitos a todos os tipos de vieses, falhas lógicas e crenças mal fundamentadas. Pior que isso, tomam decisões de negócios baseadas nesses vises e crenças. E, pior AINDA, tomam essas decisões COM O DINHEIRO DOS OUTROS, frequentemente destruindo valor de sócios, acionistas e stakeholders. Decisões baseadas em falsas premissas, falsas evidências e falsas conclusões são responsáveis por perdas e ineficiências nas organizações. Em casos extremos, são responsáveis pela morte dessas organizações.
A habilidade de raciocinar criticamente não é, infelizmente, uma coisa muito ensinada nas escolas e faculdades. Algumas “dizem” ensinar, mas muitas escolas e faculdades viraram, elas mesmas, as “câmaras de eco” que o raciocínio crítico procura identificar e combater.
Por isso, a capacidade de raciocinar criticamente, de avaliar evidências e de “fazer as perguntas certas” é fundamental no arsenal de um gestor ou empreendedor.
Raciocínio crítico não é uma “técnica”, e sim uma forma de enxergar e avaliar o mundo. É um framework pessoal, que leva a avaliações melhores, mais esclarecidas e, enfim, reduz a ocorrência de erros nos processos de decisão.
E, a despeito de não ser uma “técnica”, o raciocínio crítico é algo que pode ser aprendido, cultivado e implementado, por profissionais e gestores de todos os níveis.
Por André Massaro